O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de Março, é muito mais que uma comemoração. É um dia de luta, inspirado nas mobilizações de mulheres operárias da Europa, entre os séculos XIX e XX, por melhores condições de trabalho e contra a opressão nas fábricas. A data foi proposta em 1910 pela militante alemã Clara Zétkin, na 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, Dinamarca. No ano de 1977, foi adotada oficialmente pelas Nações Unidas.
Ao longo dos anos, a luta das mulheres trouxe inúmeras conquistas. Obviamente, elas devem ser celebradas, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido em busca da definitiva igualdade de gêneros. No Brasil, as mulheres representam 52% da população, mas uma parcela significativa permanece desassistida de bens e serviços fundamentais, como saúde, educação, trabalho decente e acesso a creches. Isso favorece a continuidade do abismo que mantêm a histórica assimetria entre mulheres e homens na sociedade.
É importante lembrar que, neste ano, a Lei Maria da Penha completa uma década. Esta Lei representa um avanço importante, mas ser mulher no Brasil segue sendo motivo de risco. O número de assassinatos ainda é grande. Além deles, a violência doméstica, os estupros, o assédio moral e sexual no trabalho, entre outras formas brutais de opressão, continuam presentes no cotidiano das mulheres brasileiras.
No mercado de trabalho, os salários continuam inferiores aos dos homens, ainda que a profissão e o grau de escolaridade sejam os mesmos. Também está fortemente enraizado no senso comum que a vida doméstica deve ficar por conta delas – e acaba efetivamente ficando – pois a maioria das mulheres possui dupla jornada.
Outro fator marcante é a dupla discriminação sofrida pelas mulheres negras, de ordem racista e sexista. Questão que é agravada devido às condições decorrentes da pobreza, ausência de escolaridade e precário acesso aos serviços de saúde.
Não bastasse tudo isso, a maioria conservadora do Congresso Nacional quer impor uma pauta que fortalece a sociedade patriarcal, machista, que desvaloriza e subjuga as mulheres. Mais do que nunca, é preciso intensificar a luta por direitos e oportunidades iguais, dizendo não aos projetos que vão em sentido contrário a um mundo que proporcione a equidade de gêneros. Entre eles o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 30, que prejudica trabalhadores terceirizados; a reforma da Previdência como vem sendo anunciada; o projeto do deputado Eduardo Cunha, que proíbe o SUS de oferecer assistência adequada às mulheres vítimas de estupro. Também precisamos reforçar pautas como a luta por salários iguais, creches, saúde e educação universais, públicos e de qualidade, contra o racismo, além, evidentemente, pelo fim da violência contra as mulheres.
Atualmente, a celebração do Dia Internacional da Mulher perdeu muito de seu propósito original. A oferta de pequenos mimos, como rosas e bombons, mesmo que a intenção seja a melhor possível, acaba por banalizar a significação política desta data. Esse aspecto festivo e comercial vem sendo desconstruído, dando lugar à reflexão e à luta por direitos e oportunidades iguais. O que, naturalmente, não deve acontecer em apenas um dia do ano, mas no decorrer de nossas vidas.
Viva o Dia Internacional da Mulher! Viva a luta das trabalhadoras! Igualdade de oportunidades na vida, na sociedade e no trabalho!