Após reduzir salários, prefeito promove demissões em massa na educação de Ibirité

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“O prefeito precisava de alguém para pagar pelo descontrole das contas e pelo desperdício do dinheiro público. Como a Educação nunca foi prioridade em seu governo, escolheu os professores”, diz Rafael Calado, coordenador do Sind-UTE.

A um ano das eleições municipais e alegando “crise financeira”, o prefeito de Ibirité decidiu cortar despesas. Ao contrário de outros gestores, ele não começou reduzindo seu salário de R$ 27 mil, um dos mais altos do país, nem atacou privilégios do primeiro escalão. A tesoura, mais uma vez, se voltou contra o setor que mais carece de investimentos: a Educação.

Após aprovar na Câmara de Vereadores projeto de lei que reduziu vencimentos e aumentou a carga horária dos professores, o prefeito decidiu promover uma onda de demissões. Estima-se que mais de 500 trabalhadores perderão seus empregos, mas o número pode crescer.

O prefeito precisava de alguém para pagar pelo descontrole das contas e pelo desperdício do dinheiro público. Como  a Educação nunca foi prioridade em seu governo, escolheu os professores. Demitir 500 pais e mães de família de forma sumária, sem aviso prévio e sem qualquer critério, não é outra coisa senão crime. Como sempre, não mexeram em nenhum cargo de confiança e os amigos do prefeito continuam com seus empregos garantidos. Gente que ganha muito bem para não fazer absolutamente nada, exceto defender os interesses da família que manda na cidade” indigna-se Rafael Calado, coordenador do Sind-UTE de Ibirité.

O sindicalista lembra que, nos últimos dois anos, os salários dos doze secretários engordaram em 40%, passando de R$ 8,5 para R$ 11,9 mil, enquanto, no mesmo período, os professores não tiveram qualquer reajuste. As verbas para cargos de confiança também cresceram em 70% e hoje somam quase R$ 8 milhões. “O primeiro escalão da prefeitura vai gerar uma despesa superior a R$ 10 milhões, apenas em 2015. É imoral e desrespeitoso com a população, que tão pouca gente receba salários tão altos e que o prefeito decida jogar a crise gerada por ele mesmo nas costas dos trabalhadores”, diz.

Rafael destaca que as demissões também causarão prejuízo pedagógico aos cerca de 20 mil alunos matriculados na rede municipal. “Com aproximadamente 500 profissionais a menos neste final do ano letivo, quem não for mandado embora será sobrecarregado de trabalho. Serão mais alunos para um só professor. Isso comprometerá seriemente o aprendizado de milhares de crianças e jovens. O prefeito não se preocupa com isso, pois é rico, sempre estudou em escolas particulares, nunca trabalhou na vida e não sabe a importância da escola pública. Sabe menos ainda do esforço dos professores para garantir uma educação de qualidade para a população, especialmente nas condições precárias em que se encontram as escolas de Ibirité”, conclui Rafael Calado.

Em greve desde o dia 24/9, a categoria marcou assembleia para a próxima sexta-feira (9/10), às 8h00, na Praça JK, em frente à Escola Estadual Juscelino Kubitschek, no bairro Duval de Barros.


EM TEMPO: Enquanto fechávamos esta matéria, recebemos a informação de que um novo Projeto de Lei Complementar (PLC) teria dado entrada na Câmara dos Vereadores. No documento, o governo propõe a redução de 10% nos salários dos cargos de confiança. São cargos muito bem pagos, ocupados por amigos do prefeito, cabos eleitorais e pessoas indicadas pelo vereadores da base aliada.

“Com esse projeto, o prefeito tenta jogar para a plateia, como se isso fosse um gesto de extrema generosidade. Só para efeito de comparação, os professores, com uma média salarial de R$ 1.734,00, tiveram 25% de redução com o aumento da carga horária. Retirar 10% dos cargos de confiança significa uma economia inferior a R$ 1 milhão por ano. Ou seja, ainda sobrarão mais de R$ 9 milhões para os amigos do prefeito fazerem a farra. É justamente para manter esses privilégios que a prefeitura promove essa onda de demissões”, afirma Rafael Calado.


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Trabalhadores protestam contra a redução salarial e as demissões.

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